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Por que a bola não entra? Entenda os bastidores!

A turbulência extracampo tem sido empecilho para o LEC na Série B
BASTIDORES_DO_LEC

Recebi algumas denúncias de profissionais ligados ao clube nos últimos dias que corroboram, e muito, para a péssima campanha na Série B, e atualmente, brigando pelo não rebaixamento à Série C em 2022. Sucessivos atrasos nos pagamentos do Direito de Imagem e também da Carteira de Trabalho dos profissionais do futebol, premiações que não foram pagas, ameaças a atletas e membros da comissão técnica, rescisões contratuais que também não foram quitadas, e consequentes ações judiciais que o clube pode sofrer.

Vamos por partes… O Direito de Imagem do atleta ou do membro da comissão técnica representa, normalmente, de 60 a 80% dos seus vencimentos mensais. Ou seja: grande parte do salário é pago por ele, e o restante consta na Carteira de Trabalho. Os profissionais do Londrina Esporte Clube que recebem esse percentual fora da CTPS estão desde de julho sem receber, ou seja, quase quatro meses recebendo apenas o valor da Carteira de Trabalho. Porém… Sobre o salário na carteira de trabalho: até hoje, dia 26 de outubro de 2021, o clube ainda não quitou o mês de setembro, e está a poucos dias de também ter que quitar este mês. Por lei, o pagamento do salário do trabalhador deve ser quitado até o quinto dia útil do mês seguinte, e no LEC, há anos, o pagamento é feito entre os dias 20 e 25 do mês seguinte.

Segundo alguns funcionários, atletas que tiveram problemas físicos ou cirúrgicos, e ficaram no Departamento Médico, também não estão recebendo o Direito de Imagem, e que “só voltariam a receber quando tivessem condição de jogo”. Muitos atletas do LEC, segundo o que apurei, quando perguntavam aos diretores do clube sobre a situação do atraso e se havia uma perspectiva para o recebimento, foram motivo de chacota e perseguição.

O acordo entre o Gestor Sérgio Malucelli e o elenco do Londrina Esporte Clube é uma premiação de R$ 10 mil para cada vitória na Série B do Campeonato Brasileiro, para que fosse repartido entre o elenco. Porém três jogos ainda não tiveram as suas premiações quitadas com o grupo. Sem contar que contra o Cruzeiro, uma reunião entre ele e os capitães que revezavam na época, foi estipulado R$ 40 mil para a vitória e NINGUÉM do elenco ficou sabendo dessa premiação… Sim, ninguém informou ao elenco que havia uma premiação em caso de vitória.

Ainda sobre premiações, enquanto o FC Cascavel tinha um valor de mais de R$ 500 mil em premiação caso conquistasse o título do Campeonato Paranaense, o elenco Alviceleste malemá ganhou os parabéns e um bolo com salgadinhos e refrigerantes no CT, comemorando o penta. Sem contar nos R$ 400 mil de premiação do acesso à Série B do Campeonato Brasileiro que é de conhecimento de todos que ainda não foi pago, já que o clube contava com a vaga na Copa do Brasil em 2021, já sabendo que não teria ela.

De acordo com alguns profissionais, que pediram para não serem identificados, houve uma ameaça de não pagamento de salário se a equipe perder: ontem (25), rolou uma reunião no CT da SM Sports, antes do gestor viajar para Curitiba, com boa parte do elenco. Nela, em tom áspero, ele disse, mais ou menos com essas palavras, que se houvesse uma derrota nos dois próximos jogos, “vai ficar complicado pagar vocês (atletas) até o fim do ano, já que o time praticamente estará rebaixado. Vão acabar passando o Natal sem dinheiro”. Em 2019, um fato bem parecido também aconteceu, só que no intervalo da derrota para o São Bento fora de casa: o time perdia por 2 a 1, e ele afirmou que não pagaria mais o elenco caso não virassem aquele jogo. Em 2020, dias antes do acesso à Série B, no Natal e no Ano Novo, o elenco também passou sem dinheiro, já que os salários também estavam atrasados.

Nos próximos dias e meses, o Londrina Esporte Clube pode sofrer com diversas ações trabalhistas, isso porque profissionais que saíram do clube recentemente não tiveram as suas rescisões contratuais quitadas. Entenda: a gestão pediu um parcelamento do valor para quitar e foi aceito pelos profissionais; ela não quitou os compromissos, e mesmo com as diversas tentativas dos profissionais em buscar um acordo, as situações não foram resolvidas. Falam até na falta de recolhimento do FGTS desde fevereiro de 2020, além de descontos nos valores das rescisões alegando a pandemia.

Vale ressaltar que em NENHUM MOMENTO o grupo de atletas e membros da comissão técnica cogitaram uma paralisação nas atividades, diferentemente do que aconteceu no Cruzeiro, por exemplo. Pelo o que eu pude apurar, elenco e comissão técnica estão fechados em busca da permanência do clube na Série B do Campeonato Brasileiro, e que muito tem passado pelo trabalho de reconstrução mental feito pelo técnico Márcio Fernandes, capitaneando de fato a embarcação.

É importante entender que a situação dos bastidores reflete DIRETAMENTE no rendimento da equipe dentro de campo. Pense você ficar sem receber quase a totalidade do seu salário por quatro meses, e do que resta, ainda estar atrasado praticamente dois meses; ser cobrado dia e noite pelo teu rendimento dentro de campo pensando nas situações que o pressionam fora dele; olhar para o teu filho ou tua filha, tua esposa, ou ainda seus pais e familiares que você auxilia, tendo dificuldades pra quitar os seus compromissos mensais ou poder ter apenas um divertimento na sua folga.

A POSIÇÃO DO GESTOR…

Hoje (26), às 15h16, busquei o contato com o gestor Sérgio Malucelli, dando a oportunidade para os esclarecimentos dele e, a truculência foi a de costume. Ele disse: “Vocês gostam de polêmicas, né? Eu não ligo pra você pra saber como está o seu salário. Posta o que você quiser, você tem esse direito”. Pois bem. Está postado! Aliás, além disso, agora no final da tarde, fui retirado do grupo da Assessoria de Imprensa no WhatsApp onde são enviados materiais do clube, com a alegação de que eu “falo mal do time e o momento é de união”. O pedido para a minha retirada e a alegação foi do próprio gestor Sérgio Malucelli!

Rafael Ribeiro (@ribeirosrafael) é locutor na Paiquerê FM 98.9, produtor na Rede Massa e setorista do LEC

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